Geoprocessamento
Um mapeamento temático consiste basicamente na interpretação técnico-visual de características de ocupação e uso que uma determinada região apresenta. Esses mapeamentos podem ser abrangentes ou específicos, identificando diferentes tipos, tamanhos e tendências ocupacionais. Um mapeamento de uso e ocupação do solo é entendido como um processo técnico de análise e interpretação específica, realizado sobre imagens. Essas análises são realizadas por profissionais que possuem conhecimento e formação específica, além de se apoiarem em informações diversas sobre características regionais durante o processo de interpretação e classificação das imagens de satélite (SIMÃO; MORAES, 2011).
Para isso, são utilizadas técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, combinadas com o Sistema de Informações Geográficas (SIG), aplicadas no mapeamento da ocupação e uso do solo. Essas técnicas desempenham um papel fundamental na compreensão das mudanças atuais e futuras da paisagem (MACHADO, 2020).
O uso e ocupação inadequados do solo podem comprometer a integridade das bacias hidrográficas (ARCOVA; CICCO, 1999; DONATIO et al., 2005). O desmatamento pode levar ao surgimento de feições erosivas e assoreamento dos rios e reservatórios. A impermeabilização do solo através da expansão urbana pode afetar a percolação das águas pluviais e o regime hídrico (CARVALHO et al., 2000), e a expansão agrícola extensiva pode causar a contaminação das águas por fertilizantes e agrotóxicos através do processo natural de lixiviação (MACEDO, 2004). Portanto, devido à importância dos recursos naturais presentes na Bacia e ao histórico de ocupação irregular, torna-se imprescindível que haja planejamento integrado do uso e ocupação do solo. A utilização do sensoriamento remoto na obtenção de dados relacionados ao uso e ocupação do solo para monitoramento e análises dos recursos naturais tem sido bastante difundida. Os sensores atualmente disponíveis possuem diferentes resoluções espaciais, espectrais, radiométricas e temporais, possibilitando maiores níveis de informação a serem extraídos dos dados (SANO et al., 2009).
Os mapas de uso do solo têm grande importância por demonstrarem a partir da interpretação de imagens de satélites as áreas ocupadas por pastagem, agricultura, vegetação natural nativa, cursos de rios e outras feições. Possibilitam também a indicação de áreas de risco ou aquelas que já foram intensamente degradas em determinada região, bem como a distinção entre variações ocorridas devido à transformação da paisagem e as provocadas pelo homem.
Moreira et al. (2015) enfatizam que o uso da terra, incluindo o tipo de vegetação e as atividades antropogênicas, afeta a produção de água. Esse fator é dos mais relevantes a ser considerado no manejo de bacias hidrográficas.
Os estudos de mapeamento do uso e ocupação do solo exercem também influência significativa sobre os recursos hídricos, uma vez que, dentre outros problemas, apontam o aporte de sedimentos no leito dos mananciais, o que altera a qualidade e sobretudo a disponibilidade da água no solo (ASSIS et al, 2014).